sábado, 15 de dezembro de 2012

CLT IRRACIONAL?



 

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) organiza um grande lobby no Congresso para fazer uma reforma trabalhista fatiada em 2013. A entidade vai fazer pregações no Congresso em defesa de uma cartilha com 101 propostas de modificação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aprovadas no Encontro Nacional da Indústria, realizado na primeira semana de dezembro.

 

A cartilha, que pretende pôr fim a "irracionalidades" na legislação, foi entregue à presidente Dilma Rousseff. A primeira "irracionalidade" apontada é a prevalência do Poder Judiciário sobre convenções e acordos coletivos firmados entre empresas e sindicatos ou trabalhadores. Para a confederação, a invalidação de acordos por parte da Justiça causa insegurança para as empresas.

 

"Nosso objetivo é criar condições para o crescimento sustentado e gerar empregos de qualidade", afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Segundo ele, em momento algum, o documento ′101 Propostas para Modernização Trabalhista′ defende redução de salário e de direitos do trabalhador.

 

No documento estão 65 projetos de lei, 3 projetos de lei complementar, 5 PECs (proposta de emenda à Constituição), 13 atos normativos, sete revisões de súmulas do Tribunal Superior do Trabalho, seis decretos, cinco portarias e duas normas de regulamentação (NRs) do Ministério do Trabalho. A CNI também sugere a transferência para o sistema previdenciário de gastos com pagamento de metade dos salários devidos a funcionários que são ex-presidiários. Também quer a isenção da contribuição previdenciária durante a licença-maternidade e a transferência para o INSS de todos os outros encargos respectivos, como FGTS e pagamento proporcional de férias e 13º salário.

 

A cartilha sugere regulamentar jornadas de trabalho de até 12 horas diárias com compensação semanal ou mensal e intervalo legal mínimo entre as jornadas. Conforme o documento, a proposta visa adequar as jornadas às reais necessidades da empresa, com segurança jurídica.

 

A garantia do domingo como repouso semanal remunerado e as folgas nos dias de feriado são igualmente irracionais, de acordo com a proposta. O empresariado alega que essa restrição tem impacto na produção e na competitividade. Previsto desde 1949, o descanso remunerado só pode ser alterado do domingo para outro dia da semana em algumas categorias. Outra medida polêmica apresentada pela CNI é a permissão de terceirização de qualquer atividade, que hoje é interpretada pelo movimento sindical e pelos juristas como vetada para atividades consideradas fim.

 

Para a CNI, a modernização trabalhista é fundamental para garantir maior dinamismo à indústria. Nas contas da instituição, a produtividade do setor subiu 0,9% entre 2006 e 2011. Já o salário médio em dólar e o custo unitário do trabalhador subiram 51,5% e 52,8% no período, respectivamente. Enquanto a produtividade cresceu apenas 3,7% entre 2000 e 2011, diz a CNI, o salário do trabalhador em dólar aumentou 103%. Na visão da entidade, o aumento da produtividade só virá com inovação, que depende de qualificação do trabalhador e da redução das chances de medidas que estimulem a meritocracia nas empresas serem questionadas na Justiça.

 

Alegando "prejuízos" à imagem e o risco de ter restrições a empréstimos na rede bancária para quem vai para a "lista suja" do trabalho no Ministério, a CNI propõe que sejam definidos critérios legais "adequados" para caracterizar o crime, bem como a criação de um "fundo antidesemprego", nos moldes do FAT, custeado por trabalhadores.


Fonte: Diário do Comércio e Indústria, publicado em 11.12.2012.

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