A Polícia Federal é       do Brasil - 
Por Jorge       Pontes*
Quando a presidente Dilma       Rousseff diz com orgulho que são os órgãos de seu governo que estão       investigando os escândalos de corrupção da Petrobrás ela está, em       realidade, esbofeteando os 13.000 policiais federais que compõem o       Departamento de Polícia Federal. Trata-se do mais puro uso político do       trabalho de uma instituição que transcende a esse ou aquele       governo.
Tal afirmação       consubstancia-se em verdadeiro escárnio, um desrespeito aos integrantes de       uma corporação que só vêm conseguindo algum resultado nesse governo,       unicamente em razão da abnegação de seus agentes e       delegados.
A sociedade melhor       entenderia que, apesar desse       governo, a Polícia Federal, órgão permanente do Estado brasileiro,       e assim como tal previsto na Constituição da República, conseguiu um       sucesso histórico na condução da Operação Lava a Jato, que desvendou a       máquina de desviar dinheiro instalada na Petrobrás.
O que de fato vem sendo       observado, principalmente por nós, policiais federais, é o empenho do       atual governo para controlar politicamente as ações da polícia judiciária       da União.
Poderíamos citar um       grande número de dissabores aos quais fomos submetidos, todos devidamente       disfarçados em medidas “de gestão”, e impostos pelo atual governo à       Polícia Federal. Contudo, em se tratando do tema “autonomia”, é imperioso       registrar que na administração do atual Ministro da Justiça foi       estabelecido o “vazamento institucional” na Polícia       Federal.
Explico: a aplicação do       Decreto nº 7.689/2012, à Polícia Federal, impõe a prévia autorização       ministerial para a concessão de diárias de servidores em missão. Com 123       unidades em todo o país, para atender 5.561 municípios, a Polícia Federal       se vê refém do Governo Federal em       ter as suas grandes operações repressivas sendo indiretamente monitoradas       por meio deste Decreto.
O artigo 7º do aludido       Decreto acaba sendo, de fato e de direito, um mecanismo que viabiliza o       conhecimento prévio e o controle das operações da Polícia Federal, uma vez       que o deslocamento de 3 a 10 servidores por período superior a 40 dias       indica uma possível operação de inteligência, bem como o arregimentação de       mais de 10 servidores para o mesmo evento por 2 a 5 dias indica a       deflagração de uma grande operação.
Por exemplo, na       solicitação para um contingente de 250 policiais federais, percebendo três       dias e meio de diárias na cidade de João Pessoa/PB, fica claro que       encontra-se em curso medidas visando deflagração de uma operação       repressiva de grande porte na capital paraibana. Tal situação é uma       afronta aos princípios da compartimentação e sigilo das operações       policiais.
É importante que a       sociedade brasileira saiba que o orçamento da Polícia Federal no Governo       Dilma caiu drasticamente. E assim também está ocorrendo com os recursos       das diárias e passagens e, igualmente, diminuíram substancialmente os       recursos das operações sigilosas, de modo que as ações policiais contra       políticos são realizadas com verba não sigilosa, exatamente esta que       depende dessa autorização do Ministério da Justiça.
Obrigar a Polícia Federal       a pedir autorização para pagar diárias de policiais, e, por conseguinte,       dar conhecimento prévio a servidores do Ministério da Justiça, sobre as       operações em andamento, é uma forma indireta de o Governo controlar as       operações do DPF.
Em qualquer academia de       polícia de qualquer país do planeta, ensina-se que as operações policiais       têm seu sucesso garantido na medida em que o seu sigilo       absoluto é preservado.
Talvez, aqui no Brasil,       em razão de não termos quase ninguém do estamento político-governamental       envolvido no cometimento de crimes graves, a coisa seja um pouco       diferente.
* Jorge Barbosa Pontes é       delegado federal e ex-diretor da Interpol
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ResponderExcluirExcelente artigo, atualíssimo, cada vez que lemos os artigos do DOUTOR JORGE BARBOSA PONTES, percebemos que são atualíssimos e condiz com a realidade que estamos vivenco! Ele é um grande MESTRE, PROFESSOR, PARABÉNS PELA EXCELÊNCIA.
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