Imigração
alemã no Brasil
A imigração alemã no Brasil foi o movimento migratório ocorrido
nos séculos
XIX e XX de alemães para várias regiões do Brasil. As causas
deste processo podem ser encontradas nos freqüentes problemas sociais que
ocorriam na Europa
e a fartura de terras no Brasil. Atualmente, estima-se que 5 milhões de
brasileiros têm ao menos um antepassado alemão.[2]
Os alemães, atrás apenas dos italianos,
formam a principal etnia
no Sul
do Brasil.[3]
Presença antes da grande
imigração
Não imigrantes, mas que estiveram no Brasil e que não podem deixar de
ser citados, como originários da região onde hoje se situa a Alemanha:
- O primeiro "alemão" a chegar no Brasil: o astrônomo
e cosmógrafo Meister Johann, exercendo a função de náutico
de Pedro Álvares Cabral. Natural de
Emmerich, atual Alemanha, por ocasião da descoberta, emitiu o
"certificado de nascimento do Brasil". Consta que também o cozinheiro
de Pedro Álvares Cabral seria originário da
região onde hoje se localiza a Alemanha.
O início da imigração
Os primeiros imigrantes não portugueses foram os suíços, trazidos ao
Brasil a mando do Rei Dom João VI. Em 1818, o governo assenta
famílias suíças
nas serras fluminenses. Estas fundam o município de Nova
Friburgo. No mesmo ano, colonos alemães são mandados para a Bahia.
Em 1820, chegam os primeiros suíços a Nova
Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Dom
João VI tentava atrair mais imigrantes. Em 1823, após a independência,
foram criados os batalhões de estrangeiros, para garantir a soberania nacional.
Então, a busca oficial por colonos (nesta fase, alemães) passou a ser uma
política imperial.[4]
Em maio de 1824, Nova Friburgo recebe a primeira leva de imigrantes
alemães, trazidos ao Brasil pelo Imperador Dom. Pedro I, devido ao grande
número de suíços que haviam abandonado as terras friburguenses.
Em julho de 1824, os primeiros alemães chegam ao Sul do Brasil, sendo
assentados à margem sul do Rio dos Sinos, onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora
adaptada para servir como sede temporária dos recém-chegados, na atual cidade
de São
Leopoldo.[5]
Em 1828,
colonos alemães se instalaram nas adjacências da cidade de São Paulo (Santo Amaro).
Causas da imigração
A Imigração, no início do século
XIX, passava por novos desenvolvimentos econômicos: a industrialização teve um grande impulso,
necessitando de mão-de-obra especializada, o que causou a ruína de muitos
artesãos e trabalhadores da indústria doméstica. Sem poderem desenvolver suas
atividades artesanais, esses trabalhadores livres começaram a formar um
exército de mão-de-obra (barata) assalariada para a indústria que estava
nascendo.
Com os novos maquinários, também houve o aumento de produtividade no
campo junto à diminuição de mão-de-obra, causando o desemprego de camponeses.
Como a Alemanha passava por uma desintegração de sua estrutura feudal,
muitos camponeses que eram apenas servos ficaram sem o trabalho e sem o direito
de morar nas terras, ao mesmo tempo em que a população aumentava. Sem a terra
para viver, migravam para as cidades e somavam ao número de proletariados.
“Parece-me
que os nossos bons compatriotas nesta natureza sul-americana livre, onde
estão expostos a lutas peculiares contra obstáculos naturais, desenvolvem,
ainda mais determinação em resolver e agir…Por entre dificuldades começaram
eles, mas conquistaram o solo e os que na Alemanha eram criados tornaram-se
senhores pelo direito do trabalho”
|
— Robert Avé-Lallemant - Viagem pela Província do
Rio Grande do Sul, 1858.[6]
|
A imigração também não acontecia somente por insatisfação
social com as novas perspectivas do século XIX. Nessas mudanças econômicas que
agitavam o continente europeu, a indústria desenvolveu as cidades e causou o
despovoamento dos campos. À medida que a riqueza aumentava, a saúde e o acesso
a novos gêneros alimentícios melhoravam, e a população aumentava. Então a
princípio, os governos europeus incentivavam e encorajavam a emigração, como
válvula de controle do aumento da população. Com a introdução da máquina
a vapor e inovações como o transatlântico
com propulsão a hélice, milhões de pessoas se movimentavam entre os
continentes, em uma emigração que não obedecia a nenhum planejamento,
dependendo somente de decisões pessoais, entre elas a insatisfação, o medo, ou
o desejo de uma vida melhor.
O governo alemão também encorajava grupos de empreendedores a conhecer
novas terras para conseguir mercado para os produtos alemães. Para algumas
colônias, chegou-se a fazer o planejamento, e a contratação de administradores
e profissionais liberais para a formação das colônias, que vinham para o Brasil
e formavam sua vida aqui. Embora desejadas, as relações comerciais entre as colônias alemãs e sua terra de origem foram
modestas, muitas vezes restando somente aos colonos a identificação cultural
com a terra de origem, pois não mais tinham contato com ela.
Os alemães que imigraram para o Brasil eram normalmente camponeses
insatisfeitos com a perda de suas terras, ex-artesãos, trabalhadores livres e
empreendedores desejando exercer livremente suas atividades, perseguidos
políticos, pessoas que perderam tudo e estavam em dificuldades, pessoas que
eram "contratadas" através de incentivos para administrarem as
colônias ou pessoas que eram contratadas pelo governo brasileiro para trabalhos
de níveis intelectuais ou participações em combates.
A imigração em números
Imigração
alemã no Brasil por décadas de 1824 a 1969
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |
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Imigração
Alemã
|
||||||||||||
Décadas
|
1824-1847
|
1848-1872
|
1872-1879
|
1880-1889
|
1890-1899
|
1900-1909
|
1910-1919
|
1920-1929
|
1930-1939
|
1940-1949
|
1950-1959
|
1960-1969
|
Imigrantes
|
8.176
|
19.523
|
14.325
|
18.901
|
17.084
|
13.848
|
25.902
|
75.801
|
27.497
|
6.807
|
16.643
|
5.659
|
Os alemães
não chegaram ao Brasil em grandes contingentes, como ocorreu com os portugueses
e italianos.
Porém, a imigração ocorreu durante longo tempo, desde 1824, com a chegada dos
primeiros colonos, até aproximadamente a década
de 1960, quando chegaram as últimas levas significativas. Alcançou seu
número máximo na década de 1920, após a I
Guerra Mundial. Houve, de certa forma, dois ciclos de imigração alemã no
Brasil: o primeiro decorrente da política de colonização,
sobretudo nos estados do sul do Brasil, incentivado pelo governo brasileiro, e
um outro ciclo posterior, sem incentivo oficial do governo brasileiro.
Durante muitas décadas, os alemães chegaram a ser o maior grupo de
imigrante a entrar no Brasil, superando inclusive os portugueses.
Esse período aconteceu em grande parte do século
XIX.
População
de origem alemã por estados
|
|||||
Estado
|
1872[3]
|
1890[4]
|
1920[5]
|
1940 [6]
|
1950[7]
|
7%
|
20,5%
|
22,34%
|
|||
13,3%
|
19,3%
|
21,6%
|
|||
6,9%
|
|||||
2,5%
|
Analisando a porcentagem da população de origem alemã no Brasil, é
notável a sua concentração nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, onde formam cerca de 20% da população. Os estados do Paraná e de São
Paulo têm populações bem menores, embora também notáveis.
Imigração
voltada para a colonização
A imigração alemã no Brasil foi, inicialmente, uma iniciativa de colonização
e povoamento. Este projeto foi arquitetado pelo Rei D. João VI e,
posteriormente, pelo imperador D.
Pedro I. A colonização continuou a ser efetuada pelo imperador D. Pedro II, durante o Segundo
Reinado.
A concentração da colonização alemã no Sul do Brasil possui uma
explicação: grande parte da região estava despovoada e as fronteiras com as
ex-colônias espanholas ainda não estavam bem-definidas. Em conseqüência, a
falta de povoadores na região poderia culminar numa fácil invasão estrangeira.
Com a Independência do Brasil, a imigração
portuguesa declinou por um certo tempo. O governo brasileiro se viu obrigado a
procurar novas fontes de imigrantes: vieram alguns suíços,
porém foram os alemães aqueles que ficaram incubidos de colonizar o Sul do
País.[7]
A imigração
durante o século XIX
Rio Grande do Sul
Em 1824 chegam os primeiros colonos alemães ao Rio
Grande do Sul, sendo assentados na atual cidade de São
Leopoldo. Os alemães chegavam em pequeno número todos os anos, porém eram
em número suficiente para se organizar e expandir pela região.
Nos primeiros cinquenta anos de imigração, foram introduzidos entre 20 e
28 mil alemães ao Rio Grande, a quase totalidade deles destinados à colonização
agrícola. Os primeiros colonos vieram de Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo
e Hannover.
Depois, passaram a predominar os oriundos de Hunsrück e
do Palatinado.
Além desses, vieram da Pomerânia, Vestfália
e de Württemberg.[8]
Outras colônias foram criadas na sequência, como Três
Forquilhas, Nova Petrópolis, Teutônia, Santa Cruz,
São Lourenço, Colônia Santo Ângelo, Colônia de Santa Maria do Mundo
Novo, etc.
Mapa mostrando a dispersão das colônias alemãs no Sul do
Brasil em 1905.
Em algumas décadas, a região do Vale do Rio dos Sinos estava quase que
completamente ocupada por imigrantes alemães. A colonização transbordou da
região, se expandindo por outras áreas do Rio Grande do Sul. É notável que a
colonização alemã foi efetuada em terras baixas, seguindo o caminho dos rios. Na década de 1870,
praticamente todas as terras baixas do interior do Rio Grande do Sul estavam
sendo ocupadas pelos alemães, porém, as terras altas não atraíam os colonos,
permanecendo desocupadas até a chegada dos italianos, em
1875.
Mapa mostrando a dispersão das colônias alemãs no Sul do
Brasil em 1911.
Santa Catarina
Ao contrário do que sucedeu no Rio Grande do Sul, em Santa
Catarina a colonização alemã não foi promovida através do governo, mas por
iniciativas privadas. A Primeira Colônia alemã no Estado foi São Pedro de
Alcântara, fundada em 1º de março de 1829. As colônias alemãs mais importantes
foram criadas a partir de grupos como Hermann
Blumenau e Ferdinand Hackradt (em 1850
a Colônia Blumenau) e pela Sociedade Hamburguesa (em
1851, a Colônia Dona Francisca, atual Joinville),
ao norte do litoral do estado. A partir do início do século XX,
imigrantes alemães foram trazidos do Rio Grande do Sul para ocupar novas
colônias no oeste do estado. Essas colônias já não eram exclusivamente alemãs,
pois também continham outros grupos de imigrantes, principalmente italianos.
Paraná
No Paraná
os alemães também marcaram forte presença em todas as regiões do estado. A
primeira colônia foi fundada em 1829 em Rio Negro.
Em 1855 alemães originários da Prússia fundam as Colônias de Terra Nova e Santa
Leopoldina em Castro. Entre 1877 e 1879, chegou número apreciável
de alemães vindos da Rússia (os alemães do rio Volga,
ver artigo: Alemães-Bessarábios).
Arquitetura Típica - Colônia Jordãozinho - Entre Rios - Guarapuava - PR.
A maior parte dos imigrantes chegou no início do século XX, vindos
diretamente da Alemanha,
e se estabeleceram sobretudo nas regiões leste e sul (em cidades como Curitiba, Ponta
Grossa, Palmeira, Rio Negro, Ivaí, Irati, Cruz
Machado, entre outras). Em meados dos anos 1950, pessoas oriundas de
colônias alemãs em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul também migraram para a Região Oeste e Sudoeste do estado.
Nesta mesma época Suábios da região do Rio
Danúbio criaram Entre Rios, em Guarapuava,
e imigrantes oriundos de Danzig ocuparam a região de Cambé e Rolândia,
no Norte do estado. A cidade de Rolândia, muito perto de Londrina é sede
de um consulado alemão, que atende as regiões Oeste e Norte do estado. A cidade
também realiza anualmente a Oktoberfest de Rolândia, grande evento que recebe mais de
60.000 pessoas, sendo vista por muitos como a segunda cidade mais alemã do Paraná, atrás
apenas de Marechal Cândido Rondon.
Em Curitiba,
os imigrantes alemães começaram a chegar, em maior número, a partir de 1833, e
influenciaram fortemente a cultura e a economia local. Muitos casarões
existentes nos bairros São Francisco, Hauer, Pilarzinho, Lamenha Pequena e
Vista Alegre, ainda mantém a arquitetura alemã. Para preservar a cultura
germânica, os imigrantes organizaram-se em sociedades teuto-brasileiras, como o
Clube Concórdia, Clube Rio Branco, Duque de Caxias, Clube Thalia, Graciosa
Country Club e o Coritiba FC.
Hoje, a maior colônia de alemães Paranaenses está no município de Marechal Cândido Rondon, que
guarda na fachada das casas, na culinária e no rosto de seus habitantes a marca
da colonização. Outras cidades do oeste paranaense, como Cascavel, Missal e Quatro
Pontes apresentam forte imigração alemã, embora já miscigendada com os
italianos. Na região Centro-Oeste do estado, mais precisamente no município de Campo
Mourão é realizada pela comunidade alemã a tradicional festa da Costelinha,
já que o município conta com igrejas luteranas e dois colégios alemães, porém
nessa região, bem como no resto do Centro-oeste paranaense, os alemães estão
miscigenados com os poloneses e em menor número italianos. Vale ressaltar que
essa região abriga alemães vindos principalmente do Rio Grande do Sul.
Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro foi o primeiro dentre todos os
estados brasileiros a receber imigrantes alemães, tendo estes imigrantes
chegado em 3 e 4 de maio de 1823,[9]
quando rumaram para a colônia suíça de Nova
Friburgo.[9]
Já em Petrópolis,
a imigração alemã foi concebida pelo alemão (posteriormente naturalizado
brasileiro) Júlio Frederico Koeler (ou Julius Friedrich
Koeler), major do Império Brasileiro. O pitoresco do projeto de
Koeler foi o fato de batizar os quarteirões com nomes de cidades e acidentes
geográficos das regiões (Rheinland e Hessen) de onde vinham os colonos alemães:
Kastellaun (Castelânea), Mosel (Mosela), Bingen, Nassau, Ingelheim, Woerrstadt,
Darmstadt e Rheinland (Renânia). As terras foram arrendadas para Koeler e,
através dele, aos imigrantes, resultando em um sistema de foro e laudêmio
(enfiteuse) pago aos herdeiros de Dom Pedro II até hoje. Estes imigrantes
chegaram em Petrópolis no ano de 1837. [10]
Espírito Santo
No Espírito Santo, os principais imigrantes de
origem germânica foram os pomeranos (provenientes de uma área entre a Alemanha e a Polônia).[11]
A imigração alemã se deu entre 1846 e 1879, se estabeleceram principalmente no Centro-Sul
do Estado, a primeira colônia fundada foi a de Santa Isabel , cuja sede,
denominada pelos primeiros alemães de Campinho, foi construída a primeira
igreja luterana da América do Sul.
No século XIX, entraram no Espírito Santo 3.933 alemães e foi computada
a entrada de 79 alemães a partir do ano de 1900, totalizando a entrada de 4.012
indivíduos. Embora contados como "alemães", a maioria desses
indivíduos eram provenientes da então província da Pomerânia, principalmente da
parte oriental daquela província, das cidades de Belgard, Greifenberg,
Kolberg (Kołobrzeg),
Kowak, Labes (Łobez),
Regenwald e arredores. Essa região, desde a II
Guerra Mundial, passou a fazer parte da Polônia.[11]
Regiões
de origem dos alemães entrados no Espírito Santo (1812-1900)[11]
|
|
Região
|
Número
de imigrantes
|
Pomerânia
|
2.224
|
Renânia
|
247
|
Hesse
|
240
|
Prússia
|
226
|
Saxônia
|
194
|
Outras
regiões
|
351
|
Total
|
3.933
|
Não
consta
|
451
|
Os pomeranos,
originários de uma região entre a Alemanha e a Polônia,
começaram a chegar ao estado no ano de 1859, se dirigiram um pouco mais ao
norte que os alemães, se estabelecendo principalmente em Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins, Os pomeranos
estabeleceram suas colônias em total isolamento do resto do Estado, preservando
muito de sua cultura e hábitos, como por exemplo o idioma, sendo a cidade de Santa Maria de Jetibá uma cidade bilíngue.
Um número considerável de imigrantes também eram originários da região
da Renânia, sobretudo das montanhas do Hunsrück,
no vale do rio
Reno. Dos alemães que foram para o Espírito Santo, 63% eram oriundos da
Pomerânia, 7% da Renânia e 7% de Hesse, 6% da Prússia e 6% da Saxônia, 3%
de Westphalia,
2% de Braden e
2% de Brandenburg,
1% da Baviera
e outro porcento de outras regiões.[11]
Esse número reduzido de alemães que imigrou para o Espírito Santo a
partir do ano de 1847 se multiplicou e deu origem a uma quantidade considerável
de descendentes. Segundo estimativas do historiador Jean Roche,
no ano de 1930 havia 30 mil descendentes de alemães no estado (cerca de 4% da
população total), número que saltou para 70 mil indivíduos em 1961
(aproximadamente 5% da população capixaba). [12]
São Paulo
A colonização alemã no São Paulo
aconteceu principalmente durante o século
XIX, quando chegaram os primeiros colonos vindos da Alemanha.
Em 1827,
desembarcavam os primeiros alemães no porto
de Santos, levados a Santo Amaro. Os grupos seguintes fixaram-se em Itapecerica da Serra, São Roque
e Embu, ou foram
levados para Rio
Claro e as plantações de café no interior de São Paulo. [13]
Restante do Brasil
O Sul do Brasil recebeu a esmagadora maioria dos imigrantes alemães,
porém, a presença germânica no Sudeste do Brasil é notável. Em Minas
Gerais, a maior colônia alemã estabeleceu-se em Juiz de
Fora, onde em 1858
chegaram aproximadamente 1.200 colonos, o que representava cerca de 20% da
população da cidade na época.
Mais recentemente, a partir da década
de 1970, sulistas descendentes de alemães têm migrado para a Região Centro-Oeste do Brasil em
busca de melhores condições de vida no campo.
A política
imigratória
A princípio, o governo brasileiro sempre reconheceu, desde a
independência, que a imigração estrangeira seria indispensável para o
crescimento do país.
Por iniciativa de Dom Pedro I, foram criadas colônias alemãs de norte a sul do Brasil, porém com
enfoque nos estados do Sul (1824). Os imigrantes alemães se reuniam em grupos e
formavam as colônias, onde podiam exercer suas profissões, e não tinham
restrições em relação ao idioma, religião ou tradição.
Por muito tempo diversas colônias ficaram isoladas, algumas até esquecidas e
desprovidas de ajuda, gerando grandes lutas de sobrevivência dos colonos
alemães nas novas e isoladas terras, com clima diferente e em muitos casos,
ataques ou hostilidade por parte de brasileiros (índios
ou não). As vias de acesso que foram prometidas não foram cumpridas, e, se
chegaram, foram décadas mais tarde. A construção de uma infra-estrutura básica
também falhara, com o governo descumprindo suas promessas iniciais.
Algumas colônias sobreviveram, mesmo que de forma precária, voltando a
um estilo precário de vida, havia muito tempo já extinto na Alemanha. Outras colônias
conseguiram se desenvolver e se expandir demograficamente, desenvolvendo sua economia e
novos trabalhos, alguns desconhecidos dos brasileiros, pois tinham técnicas
diferentes, ganhando mercado de trabalho nacional e também internacional,
através da venda de produtos coloniais e matérias-primas, e a importação
de manufaturados e equipamentos que não eram produzidos no Brasil.
Devido às falhas na política de imigração, o governo brasileiro resolveu
mudar as regras, pretendendo assim atrair somente colonos com condições
econômicas de se estabelecerem no país e se desenvolverem. Os colonos passariam
a arcar com os custos da viagem e também a pagar pelas terras.
Assim sendo, a imigração que inicialmente tinha uma política de
povoamento, de ocupações de espaços vazios e demográficos, agora tratava de
garantir que os imigrantes se tornassem mão-de-obra para as lavouras de café.
Com a expansão da lavoura cafeeira (1840) e com a proibição do tráfico de escravos (1850), o governo
brasileiro sentiu a necessidade de aumentar a quantidade de trabalhadores
livres, o que se intensifica com a chegada das leis que pré-anunciavam a abolição
por completo da escravidão. Para suprir a falta de mão-de-obra, medidas
foram tomadas para atrair mão-de-obra européia, e o direito de trazer
imigrantes, antes sob o controle do governo imperial, foi aumentado, assim cada
província poderia ter sua própria política de imigração e promover como
quisesse maneiras de realizá-la.
Surgiram as companhias de colonização,
criadas para promover a colonização no Brasil, que compravam terras baratas e
as revendiam caras aos colonos. Os proprietários das companhias de colonização
enriqueceram rapidamente, enquanto muitos colonos se endividaram e voltaram à
Alemanha.
Surgiram também jornais alemães especializados e destinado aos
emigrantes, como o Allgemeine
Auswanderungs-Zeitung (1847-1871), de Rudolstadt,
e o Deutsche
Auswanderer-Zeitung (1852-1875), de Bremen. Estes
jornais publicavam informações sobre imigrações, como informações sobre os
países que recebiam imigrantes, reportagens sobre as colônias, listas dos
navios e datas de partidas, preços de passagens, anúncios, etc…
Investiu-se em propagandas para atrair os imigrantes para o Brasil, onde
tratavam o Brasil como sendo o paraíso. Cartazes, jornais, folhetos, livros e
fotografias eram distribuídos na Europa, através de agências contratadas e com
ajuda das companhias de colonização, para estimular a vinda dos imigrantes.
Os problemas na
imigração
O governo alemão proibiu em 1859 a emigração para o Brasil devido a um forte movimento que
surgiu na Alemanha contra esta emigração, devido a diversos problemas.
Os problemas começavam já na vinda para o Brasil, nos navios, em viagens
que poderiam durar cerca de 3 a 4 meses pelo Oceano Atlântico. Em algumas situações, imigrantes
esperavam o navio por cerca de dois meses no porto de Hamburgo, em
condições precárias, onde inclusive ocorriam óbitos. Muitas viagens foram feitas
em navios com excesso de passageiros, onde as pessoas viajavam espremidas, com
alimentação deficiente e má higiene, quando não aconteciam inúmeros óbitos por
causa de epidemias.
Também muitos imigrantes morriam ao chegar ao Brasil, por causa de doenças
tropicais.
Ao chegar ao Brasil, os imigrantes alemães sofreram para se adaptar ao clima brasileiro, ao idioma e às novas
condições de vida, normalmente primitivas, que já não tinham em seu país de
origem.
Em alguns casos, chegavam ao Brasil e por não estarem suas terras
demarcadas, ficavam alojados em prédios ocupados antes por escravos,
aguardando durante meses o assentamento em seus lotes. Também por problemas na
demarcação de terras, muitas brigas surgiam.
O isolamento das colônias também dificultava a adaptação ao novo
ambiente, na medida em que faltava acesso a tratamento médico para doenças ou partos, (quando a
colônia não tinha seu próprio médico) e muitos morriam por não chegarem a tempo
na cidade mais próxima, pois dependiam de transporte
por tração, o que era lento e poderia levar horas ou dias. A distância, mas
também a falta de dinheiro, dificultavam o acesso a tratamentos.
A situação precária para sobrevivência causava muita decepção e desgosto, pois
não eram as perspectivas que tinham quando decidiram emigrar. As promessas de
que iriam para o "paraíso" aumentavam o sofrimento, quando estavam
frente a frente a matas fechadas para derrubarem a machado, onde inclusive as
mulheres ajudavam.
A espera pelo cumprimento de promessas como o desenvolvimento da região
com a construção de vias de acesso e a promessa de subsídio com dinheiro ou
instrumentos de trabalho (ferramentas, sementes, gado, material de construção) não foram cumpridas na maior parte
das colônias alemãs. A liberdade de culto de religião, apesar de declarada, era
somente tolerada, pois ia contra a constituição brasileira. Para tanto, os
imigrantes protestantes não poderiam construir prédios que tivessem
a aparência de igreja, como usando sinos e cruzes.
Muitas terras recebidas pelos imigrantes eram simplesmente
"ingratas": secas e ácidas, sem capacidade de boa produção de alimentos para a
própria subsistência. Até descobrirem quão inférteis eram
aquelas terras, já haviam investido trabalho, sementes e tempo ao tentar
cultivá-las, e entre a espera da colheita e a frustração de não conseguir
colher nada, passavam fome.
Quando os imigrantes eram empregados em alguma fazenda, muitos se viram
na condição de "semi-escravos", quando trabalhavam por horas a fio, e
não recebiam tudo o que fora prometido pelo trabalho, isso quando não eram
maltratados pelos donos das fazendas.
A imigração
durante o século XX
Foi no século XX que chegou a maior parte dos imigrantes alemães
ao Brasil. Só na década de 1920 desembarcaram 70 mil alemães no país.
A maior parte desses imigrantes não mais iam para as colônias rurais, pois
rumavam para os centros urbanos: eram operários, artífices e outros
trabalhadores urbanos, professores, refugiados políticos. A cidade de São Paulo
recebeu a maior parte dessa nova onda de emigração alemã: em 1918 viviam na
cidade cerca de 20 mil alemães.[14]
Outros rumaram para Curitiba, Porto Alegre e Rio
de Janeiro.
A influência
alemã no Brasil
Comemoração da oktoberfest na cidade gaúcha de Igrejinha.
A mistura de imigrantes de diversas partes da Alemanha não criou
conflitos e nem divergências no Brasil: com o passar do tempo, criou-se uma
identidade teuto-brasileira compartilhada por todos. Um exemplo
claro são os pomeranos.
Esse povo foi, durante séculos, marginalizado pelos alemães, o que levou
milhares deles a emigrar. Apesar de não se considerarem alemães, no Brasil os
pomeranos acabaram sendo agrupados entre os alemães. A cidade de Pomerode,
colonizada por pomeranos, é conhecida por ser a cidade mais alemã do Brasil,
mesmo que os antepassados da população da cidade nem ao menos se consideravam
como sendo alemães.
Em diversas localidades do Brasil, mas em especial na Região Sul, são
evidentes as marcas dos imigrantes alemães. O estado de Santa
Catarina é considerado o mais alemão do Brasil. Aproximadamente 20%
da sua população é de ascendência alemã, a maior porcentagem dentre os estados
brasileiros. As cidades do interior do estado ainda preservam a arquitetura
germânica das casas, bem como a língua
alemã e festas populares, como a Oktoberfest,
são marcas fortes da imigração alemã no Sul do Brasil.[3]
Os descendentes de imigrantes alemães que se fixaram nas colônias rurais
do Brasil durante o século XIX acabaram por criar uma identidade
teuto-brasileira. Embora nascidos no Brasil, esses colonos mantinham laços
culturais estreiros com a Alemanha natal: a língua alemã era falada pela
maioria e os hábitos continuavam os mesmos, inclusive houve vários jornais de língua alemã nas
colônias.[15]
A língua
alemã do Sul do Brasil
No ano 2009,
a imigração alemã ao Brasil meridional completou 185 anos. Apesar de seu abandono e da
falta de reconhecimento pelas autoridades como capital cultural intangível e
mesmo, periodicamente, vítima de políticas exterminatórias agressivas, o idioma
alemão perdura como um falar regional brasileiro.
Parque homenageando a arquitetura dos imigrantes, em Nova Petrópolis.
A beleza das cidades germânicas do Brasil, como Gramado, atrai
milhares de turistas.
O alemão e seus diversos dialetos eram a língua principal entre os milhares
de alemães e seus descendentes no Brasil. Todavia, com a campanha de nacionalização de Vargas,
iniciada na década de 1930, o alemão foi sendo substituído pelo português. Os
fatores para a língua alemã ter sobrevivido no Brasil por diversas gerações são
que, em muitos casos, professores eram trazidos da Alemanha para
educar os filhos dos colonos. O meio rural também facilitou, haja vista que em
muitas colônias alemãs o contato com a língua portuguesa era mínimo.[17]
Os falantes de alemão no Brasil se dividem em dois grupos: nas regiões
mais humildes e rurais, onde a presença dos professores alemães foi mínima,
falam-se dialetos, dependendo de que região da Alemanha vieram os povoadores. O
dialeto mais difundido é o Riograndenser Hunsrückisch (que poderia
ser traduzido como hunsriqueano rio-grandense). Outros muitos falam outros
dialetos minoritários também distintos. Aqueles que frequentavam escolas e
vivem em áreas mais urbanizadas, falam o alemão padrão culto hochdeutsch,
como por exemplo a internacionalmente renomada autora rio-grandense do sul Lya Luft. O
ex-presidente Ernesto Geisel também pode ser citado, sendo que lia
Goethe em seu
texto original.[18]
Estima-se que haja um milhão de falantes de alemão no Brasil, a grande
maioria bilíngues com o português.[19]
A etnia
teuto-brasileira
A imigração alemã no Sul do Brasil deixou marcas profundas na etnia da população.
Nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio
Grande do Sul, a cada três pessoas, uma tem origens alemãs. Números menores
se encontram em todo o Sudeste e Centro-Oeste do país.
Nacionalização
e assimilação
Na década de 1930, o presidente Getúlio
Vargas declarou guerra à Alemanha e proíbiu o uso da língua
alemã no Brasil. Isso afetou imediatamente as colônias alemãs do País. Foi
a partir desse momento que as colônias que ainda se mantinham isoladas no campo
passaram a se abrir para a cultura brasileira e à miscigenação
com outras etnias.[20]
Nas colônias mistas do Sul do Brasil, o casamento entre alemães e italianos
tornou-se um fenômeno comum. Mesmo nas colônias etnicamente alemãs, torna-se
cada vez mais raro ver-se pessoas com ascendência puramente alemã: o casamento
entre descendentes de alemães com pessoas de outras etnias tornou-se algo
comum.
O projeto de nacionalização dos estrangeiros arquitetado por Vargas
surtiu grande efeito. Os alemães no Brasil, de fato, viviam em um mundo à parte
da realidade brasileira: confinados em colônias etnicamente alemãs, os
imigrantes estudavam em escolas para alemães e tinham na sua cultura herança total
germânica. Entre os descendentes, havia o sentimento de Deutschtum:
mesmo nascidos no Brasil e, portanto, tendo como nacionalidade a brasileira, os
teuto-brasileiros ainda viviam totalmente ligados à Alemanha.[15]
Depoimento importante é da escritora gaúcha Lya Luft,
nascida na colônia de Santa Cruz do Sul:
Na
minha família se falava "nós, os alemães, e eles, os brasileiros".
Isso era uma loucura, porque nós estávamos há gerações no Brasil. E como eu
era uma menininha muito contestadora, um dia, com 7 ou 8 anos, numa Semana da
Pátria, me dei conta: "Por que falam 'die Brasilianer und wir'?".
Eu quero ser brasileira (…) Eu nasci em 1938 e logo em seguida começou a
guerra. Em casa falávamos alemão, mas em seguida tive que falar português
porque o alemão foi proibido. Minhas avós falavam alemão. Nenhuma conheceu a
Alemanha. Eu me lembro delas sempre lendo. Isso é uma coisa legal que eu
tenho delas – todo um imaginário dos contos de fadas[21].
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Em visitas às colônias alemãs do Sul, membros do governo brasileiro se
horrorizavam ao ver brasileiros com nomes alemães e que mal conseguiam falar o português. Embora fosse um elemento importante
para a diversidade étnico-cultural do Brasil, as colônias alemãs eram um meio
fácil da propagação nazista. A nacionalização do governo Vargas foi um grande
divisor de águas: de uma geração para outra, os descendentes de alemães perderam
praticamente toda a sua identidade e se tornaram essencialmente brasileiros.
Miscigenação
Antes de falar do processo de miscigenação do imigrante alemão no
Brasil, é necessário fazer uma distinção entre dois grupos: os alemães
católicos e os luteranos. Para os primeiros, sem dúvida, a aproximação com os
brasileiros se mostrava inevitável, principalmente enquanto não havia igreja na
colônia, o que forçava os colonos a ter uma maior convivência com o elemento
brasileiro a fim de praticar a sua religiosidade. Isso, somado à interação por
fatores econômicos e pessoais, aumentavam as chances de casamentos mistos. Para
os luteranos, por outro lado, o contato com os brasileiros se limitava à esfera
econômica, uma vez que tendiam a se isolar devido ao caráter germanizante da
sua religião, favorecendo a prática de endogamia.
Dados estatísticos de duas comunidades alemãs, uma localizada em Curitiba
(Paraná) e outra em São Lourenço (Rio Grande do Sul) confirmam isso.[22]
[23]
Nos registros de matrimônios de uma paróquia de Curitiba, dos alemães
católicos que se casaram entre 1850 e 1919, 42,88% o fizeram com pessoa de
origem alemã, enquanto que a maioria (57,12%) contraiu matrimônio com pessoa de
outra etnia. Situação bastante antagônica se dava entre os evangélicos: 93% dos
alemães luteranos casaram com pessoa de etnia alemã e apenas 6,9% com pessoa de
outra origem. Situação semelhante foi verificada entre os alemães de São
Lourenço, embora nesta localidade os casamentos intra-étnicos predominaram
tanto entre católicos como entre protestantes. Entre 1861 e 1930, dos católicos
alemães de São Lourenço, 73,9% contraíram matrimônio com pessoa de etnia alemã
e 26,1% com de outra origem. Já entre os luteranos, apesar de haver dados
escassos, para o período entre 1903 e 1930, verificou-se que 96,9% deles
casaram com alemães e apenas 3,1% com não alemães.[23][22]
Verifica-se, portanto, que a religião era um elemento que tinha notável
influência nos padrões matrimoniais dos alemães no Brasil. O luteranismo
não encontrava adeptos entre os brasileiros e seus cultos, em alemão,
desencorajavam a participação de elementos de fora da comunidade. A própria
religião luterana configurava um elemento germanizante e, tendo em vista a
tradição católica que predominava no Brasil, fazia com que seus seguidores se
unissem e impedissem a infiltração do elemento brasileiro. Já os alemães de fé
católica tinham maior afinidade com os brasileiros e com eles conviviam mais,
aumentando as chances de contraírem matrimônios mistos.[23][22]
Outros fatores também influenciaram os padrões nupciais dos alemães no
Brasil. A própria forma como as colônias agrícolas se organizavam, formando
"ilhas" perdidas do restante da população brasileira, muitas vezes
separadas por florestas, favorecia o isolamento. Os imigrantes muitas vezes
chegavam e se reuniam em pequenos grupos e se sentiam deslocados numa terra
estranha, onde não encontravam com quem se identificar até que um novo grupo
alemão chegasse. Portanto, principalmente para os primeiros imigrantes, era
praticamente inconcebível procurar um cônjuge fora do grupo alemão, pois a sua
comunidade representava a continuidade do que ficara para trás.[23][22]
Mais tarde, surgiram preconceitos de parte a parte e representações
sociais ligadas ao preconceito de raça. De um lado, os alemães olhavam a mulher
brasileira como uma má dona-de-casa e o homem brasileiro como pouco
trabalhador. Os brasileiros também olhavam com estranheza os alemães devido aos
seus costumes e características raciais tão diferentes das suas.[23][22]
Assim, essas condições psicológicas, naturais e religiosas exerceram
influência nas características matrimoniais que tiveram os alemães no Brasil.[23][22]
Reavivando
a cultura Teuto-brasileira
A oktoberfest
é uma das tentativas de resgatar as tradições alemães no Brasil.
Nas últimas décadas, vê-se uma tentativa de reavivar a cultura germânica
nas áreas de colonização alemã.[24]
Exemplos são festas populares, como a Oktoberfest.
Todavia, tais manifestações são mais turísticas que
representações de cultura étnica. A Oktoberfest, por exemplo, só se popularizou
na região na década de 1980:
não foi trazida pelos imigrantes, mas importada como forma de alavancar a
economia regional. Cidades de colonização alemã começaram a ressuscitar a
arquitetura enxaimel,
trazida pelos imigrantes, embora o estilo arquitetônico esteja extinto na
Alemanha desde o século XVIII.[25][26]
Os descendentes de alemães estão completamente integrados à sociedade
brasileira há mais de três gerações. O que se assiste nas antigas colônias
alemãs é uma tentativa de alavancar o turismo local, usando do que restou de
uma cultura teuto-brasileira extinta desde a década de 1940 para promover
festas ditas "alemãs". A cidade de Pomerode, por
exemplo, tem como slogan
"a cidade mais alemã do Brasil". De fato, o município foi povoado por
pomeranos,
povo mais relacionado aos eslavos do que aos germânicos.
Durante séculos, os pomeranos foram explorados pelos alemães e sua cultura é
bastante diferente da cultura alemã. Ignorando os fatos históricos, Pomerode se
orgulha em se dizer a "mais alemã do Brasil".[27]
Alemão como
língua oficial
Em um processo de revitalização, e através de um forte apelo de
brasileiros germanófonos para a adoção da língua
alemã como vernáculo oficial das cidades colonizadas
por alemães, o município de Pomerode foi o primeiro a adotar a língua alemã como
co-oficial no município.[28]
O processo de vernaculação oficial do alemão deve se repetir nos próximos anos
em todo município em que a maioria da população
seja descendente de imigrantes alemães,[29]
de forma que escolas
públicas ensinem obrigatoriamente a língua alemã, e serviços públicos também
sejam prestados em alemão.[30][31]
Também foi aprovada em agosto de 2011 a PEC 11/2009,
emenda constitucional que inclui no artigo 182 da Constituição
Estadual a língua pomerana, junto com a língua
alemã, como patrimônios culturais do Espírito
Santo.[32][33][34][35]
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