O
texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo que se organiza na defesa
de um ponto de vista sobre determinado assunto.
Nele,
a opinião é fundamentada com explicações e argumentos, para formar a opinião do
leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta.
É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é
argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque se
utiliza de explicações para justificá-la. Um texto dissertativo difere de um
texto dissertativo-argumentativo por não haver a necessidade de demonstrar a
verdade de uma ideia, ou tese, mas apenas de expô-la.
Seu objetivo é, em última análise,
convencer ou tentar convencer o leitor mediante a apresentação de razões, em
face da evidência de provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente. E
é exatamente esse tipo textual que a proposta de redação do ENEM cobra.
Um
texto dissertativo-argumentativo deve combinar dois princípios de estruturação:
I – apresentar uma tese, desenvolver
justificativas para comprovar essa tese e uma conclusão que dê um fecho à
discussão elaborada no texto, compondo o processo argumentativo.
TESE – É a ideia que você vai
defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema e deve estar apoiada
em argumentos ao longo da redação.
ARGUMENTO – É a justificativa utilizada
por você para convencer o leitor a concordar com a tese defendida. Cada
argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese defendida.
II – utilizar estratégias
argumentativas para expor o problema discutido no texto e detalhar os
argumentos utilizados.
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver
os argumentos, de modo a convencer o leitor:
• exemplos;
• dados estatísticos;
• pesquisas;
• fatos comprováveis;
• citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;
• alusões históricas; e
• comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.
Por
exemplo, para desenvolver um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema
“Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado” (ENEM
2011), você poderia desenvolver:
Tese: O excesso de exposição da vida privada
nas redes sociais pode ter consequências graves, como situações de violência
cibernética.
Argumentos:
1. explicação sobre o que é violência cibernética;
2. dados de pesquisas que comprovam a tese;
3. exemplos de situações de violência, como o cyber bullying;
4. depoimento de especialista no assunto; e
5. contra-argumento: aspectos positivos das redes sociais.
1. explicação sobre o que é violência cibernética;
2. dados de pesquisas que comprovam a tese;
3. exemplos de situações de violência, como o cyber bullying;
4. depoimento de especialista no assunto; e
5. contra-argumento: aspectos positivos das redes sociais.
Proposta de intervenção: Alertar os jovens, por meio de
campanhas, tanto na escola, por professores, como em casa, com os familiares,
sobre os perigos da superexposição nas redes sociais.
Como
desenvolver uma tese?
1.Você pode iniciar o desenvolvimento
da tese transformando o tema em uma pergunta. Ainda usando o tema do ENEM 2011,
ficaria da seguinte forma: “Viver em rede no século XXI: quais são os limites
entre o público e o privado?” ou “Como viver em rede no século XXI? Quais são
os limites entre o público e o privado?”.
2. A seguir, responda esta pergunta da maneira mais simples e clara possível, concordando ou discordando ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte; esta resposta será seu ponto de vista.
3. Pergunte a si mesmo o porquê da sua resposta buscando uma justificativa para ela em uma causa, um motivo, uma razão etc: essa justificativa será seu principal argumento.
4. Em seguida, reflita sobre os
motivos que o levaram ao argumento principal, pois eles o ajudarão a
fundamentar a sua posição: eles são seus argumentos auxiliares. Através das
estratégias argumentativas mencionadas anteriormente, você desenvolverá seus argumentos.
5. A partir dessa reflexão você poderá
iniciar o rascunho do seu texto, planejando-o. A sugestão proposta a partir do
passo a passo acima é:
i. Interrogue o tema;
ii. Responda com a opinião;
iii. Justifique com o argumento principal;
iv. Fundamente-o com os argumentos auxiliares;
v. Apresente as estratégias argumentativas;
vi. Apresente a proposta de intervenção social e conclua.
i. Interrogue o tema;
ii. Responda com a opinião;
iii. Justifique com o argumento principal;
iv. Fundamente-o com os argumentos auxiliares;
v. Apresente as estratégias argumentativas;
vi. Apresente a proposta de intervenção social e conclua.
Por CAMILA DALLA POZZA PEREIRA
Elementos coesivos para usar na Redação
São elementos necessários para dar fluidez e coesão ao texto, fazendo com que o
mesmo não fique truncado. Assim sendo, vejamos:
* Embora,
ainda que, mesmo que – Tais
conectivos estabelecem relação de concessão e contradição,
admitindo argumentos contrários, contudo, com autonomia para vencê-los. Observe
o exemplo:
Embora não
simpatizasse com algumas pessoas ali presentes, compareceu à festa.
* Aliás, além de tudo, além do mais, além disso – Reforçar à ideia final.
* Aliás, além de tudo, além do mais, além disso – Reforçar à ideia final.
Exemplo: O garoto é
um excelente aluno, destaca-se entre os demais. Além de tudo é
muito educado e gentil.
* Ainda,
afinal, por fim – Incluem mais
um elemento no conjunto de idéias.
EX: Não poderia permanecer calado, afinal, tratava-se de sua permanência na diretoria, e ainda assim pensou muito.
EX: Não poderia permanecer calado, afinal, tratava-se de sua permanência na diretoria, e ainda assim pensou muito.
* Isto é, ou
seja, quer dizer, em outras palavras – Revelam esclarecimentos ao
que já foi exposto anteriormente.
EX: Faça as
devidas retificações, isto é, corrija as
eventuais inadequações, de modo a tornar o texto mais claro.
* Assim, logo,
portanto, pois, desse modo, dessa forma – Exemplifica o
que já foi expresso, com vistas a complementar ainda mais a argumentação.
Exemplo: Não obteve
êxito na sua apresentação. Dessa forma, o trabalho precisou
ser refeito.
* Mas, porém,
todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante – Estabelecemoposição
entre dois enunciados.
EX: Esforçou-se
bastante, contudo não obteve sucesso no exame
avaliativo.
* Até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo – Estabelecem uma noção gradativa.
* Até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo – Estabelecem uma noção gradativa.
EX: Esperávamos, no
mínimo, que ela pedisse desculpas. Até mesmo porque
a amizade dela é muito importante para nós.
* E, nem, como
também, mas também –
Estabelecem uma relação de soma aos termos do discurso.
Exemplo: Não
proferiu uma só palavra durante a reunião, mas também não
questionou acerca das decisões firmadas
A
COESÃO E A ESTRATÉGIA DE PERSUASÃO Profª Marli Silva Cruz
A unidade textual, construída pelos
elementos de coesão, quando bem associada aos operadores argumentativos,
promove força persuasiva ao texto.
Nesta lista, o estudante encontrará
alguns advérbios, conjunções e locuções (modernamente chamados de conectivos,
modalizadores e/ou marcadores argumentativos) que só têm valor coesivo e força
de argumentação se considerados na situação de uso.
“O advérbio “hoje”, por exemplo, não
traz em si nenhuma ideia de referência ou de transição numa frase isolada como
“Hoje não choveu”. Mas exerce, visivelmente, função coesiva e argumentativa em
um período composto em que se contraponha “hoje” a “ontem”: “Ontem choveu muito,
mas hoje não” – em que a ideia de oposição, indicada pela adversativa “mas”, se
junta à de referência a um fato passado e evidencia uma tendência argumentativa
iniciada na frase.
Em “Realmente, você tem razão”, o
advérbio “realmente” mostra de maneira clara a continuação de algo que terá
sido anteriormente dito. É, assim, palavra de referência ou transição, de valor
discretamente anafórico e de caráter argumentativo de anuência ao que já se
disse.
Os exemplos que acompanham alguns
itens, a seguir, devem ser lidos com atenção, pois acumulam outras informações
sobre o assunto.
a) Prioridade, relevância: em
primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, acima de tudo,
precipuamente, mormente, principalmente, primordialmente, sobretudo.
Em primeiro lugar, é preciso deixar
bem claro que esta série de exemplos não é completa, principalmente no que diz
respeito às locuções adverbiais.
b) Tempo (freqüência, duração, ordem,
sucessão, anterioridade, posterioridade, simultaneidade, eventualidade): então,
enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, pouco antes,
pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim,
finalmente, agora, atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente, às vezes,
eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo
tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, enquanto isso – e as
conjunções temporais.
Finalmente, é preciso acrescentar que
alguns desses exemplos se revelam por vezes um pouco ingênuos. A princípio,
nossa intenção era omiti-los para não alongar esse tópico: mas, por fim, nos
convencemos de que as ilustrações são freqüentemente mais úteis do que as
regrinhas.
c) Semelhança, comparação,
conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo,
similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica,
de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de
vista – e as conjunções comparativas.
No exemplo anterior (valor
anafórico), o pronome demonstrativo “desses” serve igualmente como partícula de
transição: é uma palavra de referência à idéia anteriormente expressa. Da mesma
forma, a repetição de “exemplos” ajuda a interligar os dois trechos. Também o
adjetivo “anterior” funciona como palavra de referência. “Também” expressa aqui
semelhança. No exemplo seguinte (valor catafórico), indica adição.
Aditivas (e, nem,
não só
|
mas também,
etc.);
|
d) Adição, continuação: além disso,
(a)demais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por outro lado, também – e as
conjunções
Além das locuções adverbiais
indicadas na coluna à esquerda, também as conjunções aditivas, como o nome o
indica, “ligam, ajuntando”.
e) Dúvida: talvez, provavelmente,
possivelmente, quiçá, quem sabe? É provável, não é certo, se é que;
O leitor ao chegar até aqui – se é
que chegou – talvez já tenha adquirido uma idéia da relevância das partículas
de transição.
f) Certeza, ênfase: decerto, por
certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida,
inegavelmente, com toda a certeza.
Certamente, o autor destas linhas
confia demais na paciência do leitor ou duvida demais do seu senso crítico. A
lista acima – estará ele pensando com toda a certeza – inclui advérbios ou
locuções adverbiais em que é difícil perceber a idéia de transição. Sem dúvida.
É o que parece. Quer a prova, leitor? Qual é a função desse “sem dúvida” se não
a de desencadear neste exemplo os argumentos com que defendemos nosso ponto de
vista?
Vale a pena lembrar que “certamente”,
“com certeza” e até mesmo “sem dúvida”, com muita freqüência insinuam “dúvida”
mais do que “certeza”. É uma situação contraditória semelhante à que se
verifica em “pois não”, que indica assentimento (apesar do “não”) e “pois sim”,
que às vezes expressa negação, negação meio irônica ou desdenhosa.
Propositadamente, de propósito, intencionalmente – e as conjunções finais; g)
Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito,
imprevistamente, surpreendentemente.
h) Ilustração, esclarecimento: por
exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber. Essas
partículas, ditas “explicativas”, vêm sempre entre vírgulas, ou entre uma
vírgula e dois pontos.
i) Propósito, intenção, finalidade:
com o fim de, a fim de, com o propósito de, propositadamente, de propósito,
intencionalmente – e as conjunções finais.
j) Lugar, proximidade, distância:
perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, além,
acolá – outros advérbios de lugar, algumas outras preposições, e os pronomes
demonstrativos.
k) Resumo, recapitulação, conclusão:
em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, pois (colocado
depois do verbo).
Em suma, leitor: as partículas de
transição são indispensáveis à coerência entre as idéias e, portanto, à unidade
do pensamento.
l) Causa e conseqüência: daí, por
conseqüência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em
virtude de, assim, de fato, com efeito – e as conjunções causais, conclusivas e
explicativas.
m) Contraste, oposição, restrição,
ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos – e as
conjunções adversativas e concessivas.
n) Referência em geral: os pronomes
demonstrativos “este” (o mais próximo), “aquele” (o mais distante), “esse” (
posição intermediaria; o que está perto da pessoa com quem se fala); os
pronomes pessoais; repetições da mesma palavra, de um sinônimo; os pronomes
adjetivos último, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posterior, os numerais
ordinais ( primeiro, segundo, etc.).
Há outros artifícios estilísticos de
que depende a coerência, a clareza e, em certos casos, também a argumentação.
Pela redação dos tópicos e pelos exemplos comentados, o leitor verá quais deve
empregar e quais deve evitar.
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