quinta-feira, 8 de maio de 2014

VOCÊ SABE DISSERTAR UM TEXTO DE FORMA ARGUMENTATIVA?

O texto dissertativo-argumentativo é um texto opinativo que se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto.
Nele, a opinião é fundamentada com explicações e argumentos, para formar a opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque se utiliza de explicações para justificá-la. Um texto dissertativo difere de um texto dissertativo-argumentativo por não haver a necessidade de demonstrar a verdade de uma ideia, ou tese, mas apenas de expô-la.
Seu objetivo é, em última análise, convencer ou tentar convencer o leitor mediante a apresentação de razões, em face da evidência de provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente. E é exatamente esse tipo textual que a proposta de redação do ENEM cobra.
Um texto dissertativo-argumentativo deve combinar dois princípios de estruturação:
I – apresentar uma tese, desenvolver justificativas para comprovar essa tese e uma conclusão que dê um fecho à discussão elaborada no texto, compondo o processo argumentativo.

TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema e deve estar apoiada em argumentos ao longo da redação.

ARGUMENTO – É a justificativa utilizada por você para convencer o leitor a concordar com a tese defendida. Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese defendida.

II – utilizar estratégias argumentativas para expor o problema discutido no texto e detalhar os argumentos utilizados.

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os argumentos, de modo a convencer o leitor:

• exemplos;
• dados estatísticos;
• pesquisas;
• fatos comprováveis;
• citações ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;
• alusões históricas; e
• comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos.
Por exemplo, para desenvolver um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado” (ENEM 2011), você poderia desenvolver:
Tese: O excesso de exposição da vida privada nas redes sociais pode ter consequências graves, como situações de violência cibernética.

Argumentos:
1. explicação sobre o que é violência cibernética;
2. dados de pesquisas que comprovam a tese;
3. exemplos de situações de violência, como o cyber bullying;
4. depoimento de especialista no assunto; e
5. contra-argumento: aspectos positivos das redes sociais.

Proposta de intervenção: Alertar os jovens, por meio de campanhas, tanto na escola, por professores, como em casa, com os familiares, sobre os perigos da superexposição nas redes sociais.
Como desenvolver uma tese?
1.Você pode iniciar o desenvolvimento da tese transformando o tema em uma pergunta. Ainda usando o tema do ENEM 2011, ficaria da seguinte forma: “Viver em rede no século XXI: quais são os limites entre o público e o privado?” ou “Como viver em rede no século XXI? Quais são os limites entre o público e o privado?”.

2. A seguir, responda esta pergunta da maneira mais simples e clara possível, concordando ou discordando ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte; esta resposta será seu ponto de vista.

3. Pergunte a si mesmo o porquê da sua resposta buscando uma justificativa para ela em uma causa, um motivo, uma razão etc: essa justificativa será seu principal argumento.

4. Em seguida, reflita sobre os motivos que o levaram ao argumento principal, pois eles o ajudarão a fundamentar a sua posição: eles são seus argumentos auxiliares. Através das estratégias argumentativas mencionadas anteriormente, você desenvolverá seus argumentos.

5. A partir dessa reflexão você poderá iniciar o rascunho do seu texto, planejando-o. A sugestão proposta a partir do passo a passo acima é:

i. Interrogue o tema;
ii. Responda com a opinião;
iii. Justifique com o argumento principal;
iv. Fundamente-o com os argumentos auxiliares;
v. Apresente as estratégias argumentativas;
vi. Apresente a proposta de intervenção social e conclua.

Por CAMILA DALLA POZZA PEREIRA

Elementos coesivos para usar na Redação
         São elementos necessários para dar fluidez e coesão ao texto, fazendo com que o mesmo não fique truncado. Assim sendo, vejamos: 

* Embora, ainda que, mesmo que – Tais conectivos estabelecem relação de concessão e contradição, admitindo argumentos contrários, contudo, com autonomia para vencê-los. Observe o exemplo:
Embora não simpatizasse com algumas pessoas ali presentes, compareceu à festa. 

* Aliás, além de tudo, além do mais, além disso – Reforçar à ideia final.
Exemplo: O garoto é um excelente aluno, destaca-se entre os demais. Além de tudo é muito educado e gentil.

* Ainda, afinal, por fim – Incluem mais um elemento no conjunto de idéias.

EX: Não poderia permanecer calado, afinal, tratava-se de sua permanência na diretoria, e ainda assim pensou muito.

 * Isto é, ou seja, quer dizer, em outras palavras – Revelam esclarecimentos ao que já foi exposto anteriormente.
 EX: Faça as devidas retificações, isto é, corrija as eventuais inadequações, de modo a tornar o texto mais claro.

* Assim, logo, portanto, pois, desse modo, dessa forma – Exemplifica o que já foi expresso, com vistas a complementar ainda mais a argumentação.
Exemplo: Não obteve êxito na sua apresentação. Dessa forma, o trabalho precisou ser refeito.

* Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, não obstante – Estabelecemoposição entre dois enunciados.
EX: Esforçou-se bastante, contudo não obteve sucesso no exame avaliativo. 

* Até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo – Estabelecem uma noção gradativa.
EX: Esperávamos, no mínimo, que ela pedisse desculpas. Até mesmo porque a amizade dela é muito importante para nós. 
* E, nem, como também, mas também – Estabelecem uma relação de soma aos termos do discurso.
Exemplo: Não proferiu uma só palavra durante a reunião, mas também não questionou acerca das decisões firmadas

A COESÃO E A ESTRATÉGIA DE PERSUASÃO Profª Marli Silva Cruz
A unidade textual, construída pelos elementos de coesão, quando bem associada aos operadores argumentativos, promove força persuasiva ao texto.
Nesta lista, o estudante encontrará alguns advérbios, conjunções e locuções (modernamente chamados de conectivos, modalizadores e/ou marcadores argumentativos) que só têm valor coesivo e força de argumentação se considerados na situação de uso.
“O advérbio “hoje”, por exemplo, não traz em si nenhuma ideia de referência ou de transição numa frase isolada como “Hoje não choveu”. Mas exerce, visivelmente, função coesiva e argumentativa em um período composto em que se contraponha “hoje” a “ontem”: “Ontem choveu muito, mas hoje não” – em que a ideia de oposição, indicada pela adversativa “mas”, se junta à de referência a um fato passado e evidencia uma tendência argumentativa iniciada na frase.
Em “Realmente, você tem razão”, o advérbio “realmente” mostra de maneira clara a continuação de algo que terá sido anteriormente dito. É, assim, palavra de referência ou transição, de valor discretamente anafórico e de caráter argumentativo de anuência ao que já se disse.
Os exemplos que acompanham alguns itens, a seguir, devem ser lidos com atenção, pois acumulam outras informações sobre o assunto.
a) Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, mormente, principalmente, primordialmente, sobretudo.
Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que esta série de exemplos não é completa, principalmente no que diz respeito às locuções adverbiais.
b) Tempo (freqüência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade, simultaneidade, eventualidade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente, agora, atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente, às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, enquanto isso – e as conjunções temporais.
Finalmente, é preciso acrescentar que alguns desses exemplos se revelam por vezes um pouco ingênuos. A princípio, nossa intenção era omiti-los para não alongar esse tópico: mas, por fim, nos convencemos de que as ilustrações são freqüentemente mais úteis do que as regrinhas.
c) Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista – e as conjunções comparativas.
No exemplo anterior (valor anafórico), o pronome demonstrativo “desses” serve igualmente como partícula de transição: é uma palavra de referência à idéia anteriormente expressa. Da mesma forma, a repetição de “exemplos” ajuda a interligar os dois trechos. Também o adjetivo “anterior” funciona como palavra de referência. “Também” expressa aqui semelhança. No exemplo seguinte (valor catafórico), indica adição.
Aditivas (e, nem, não só
mas também, etc.);
d) Adição, continuação: além disso, (a)demais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por outro lado, também – e as conjunções
Além das locuções adverbiais indicadas na coluna à esquerda, também as conjunções aditivas, como o nome o indica, “ligam, ajuntando”.
e) Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe? É provável, não é certo, se é que;
O leitor ao chegar até aqui – se é que chegou – talvez já tenha adquirido uma idéia da relevância das partículas de transição.
f) Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
Certamente, o autor destas linhas confia demais na paciência do leitor ou duvida demais do seu senso crítico. A lista acima – estará ele pensando com toda a certeza – inclui advérbios ou locuções adverbiais em que é difícil perceber a idéia de transição. Sem dúvida. É o que parece. Quer a prova, leitor? Qual é a função desse “sem dúvida” se não a de desencadear neste exemplo os argumentos com que defendemos nosso ponto de vista?
Vale a pena lembrar que “certamente”, “com certeza” e até mesmo “sem dúvida”, com muita freqüência insinuam “dúvida” mais do que “certeza”. É uma situação contraditória semelhante à que se verifica em “pois não”, que indica assentimento (apesar do “não”) e “pois sim”, que às vezes expressa negação, negação meio irônica ou desdenhosa. Propositadamente, de propósito, intencionalmente – e as conjunções finais; g) Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, imprevistamente, surpreendentemente.
h) Ilustração, esclarecimento: por exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber. Essas partículas, ditas “explicativas”, vêm sempre entre vírgulas, ou entre uma vírgula e dois pontos.
i) Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, propositadamente, de propósito, intencionalmente – e as conjunções finais.
j) Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, além, acolá – outros advérbios de lugar, algumas outras preposições, e os pronomes demonstrativos.
k) Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, pois (colocado depois do verbo).
Em suma, leitor: as partículas de transição são indispensáveis à coerência entre as idéias e, portanto, à unidade do pensamento.
l) Causa e conseqüência: daí, por conseqüência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito – e as conjunções causais, conclusivas e explicativas.
m) Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos – e as conjunções adversativas e concessivas.
n) Referência em geral: os pronomes demonstrativos “este” (o mais próximo), “aquele” (o mais distante), “esse” ( posição intermediaria; o que está perto da pessoa com quem se fala); os pronomes pessoais; repetições da mesma palavra, de um sinônimo; os pronomes adjetivos último, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posterior, os numerais ordinais ( primeiro, segundo, etc.).

Há outros artifícios estilísticos de que depende a coerência, a clareza e, em certos casos, também a argumentação. Pela redação dos tópicos e pelos exemplos comentados, o leitor verá quais deve empregar e quais deve evitar.

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