IMIGRAÇÃO NORTE-AMERICANA NO BRASIL
A imigração norte-americana no Brasil foi um movimento migratório no final do século XIX e começo do século XX, especialmente nas cidades de Americana e Santa Bárbara d'Oeste,
no estado de São Paulo. Somam hoje
mais de 50 mil descendentes. No século XXI continua existindo imigração
norte-americana para o Brasil. Os cálculos variam entre 30 mil - 55 mil
pessoas.
|
MOTIVOS PARA EMIGRAR
Após o fim da Guerra Civil Americana,
os confederados
se encontraram numa situação econômica muito difícil, tendo seus estados
completamente arrasados pela guerra. Não somente a questão
econômica, bem como a perseguição e discriminação que se
seguiu contra a população confederada, os fez obrigados a buscar uma melhor
condição de vida. Essa fuga consistiu no maior êxodo populacional da história
dos Estados Unidos.
Ouviram falar do Brasil e das vantagens que o imperador dava a quem
soubesse plantar algodão. Antes da guerra, o Sul era o maior exportador de algodão do mundo, exportando para os teares da Inglaterra e da França. O Imperador Dom Pedro II, no vigor dos seus quarenta anos,
viu a oportunidade do Brasil entrar no mercado e incentivou a vinda de
plantadores de algodão dos estados sulistas estadunidenses para o Brasil.
Amargurados e feridos, os sulistas tinham que fazer surgir das cinzas um
pouco de calor para se aquecer. Muitos venderam suas propriedades, juntaram
seus pertences e vieram para o Brasil, para uma terra onde não houvesse
guerras, nem espezinhamento, nem confisco de bens. Não se sabe ao certo o
número de confederados que abandonaram os Estados Unidos e se instalaram no
Brasil, mas estimativas variam entre quatro mil a vinte mil confederados.[1]
AS COMPANHIAS DE
EMIGRAÇÃO
O Estado do Paraná
foi o estado sulista que
mais recebeu imigrantes estadunidenses[2]; na foto, a Casa Gomm,
construção de 1906 que segue o estilo arquitetônico da Nova
Inglaterra, feita de madeira de pinheiro-do-paraná
com paredes duplas, em Curitiba.
Antes mesmo do fim da guerra em 1865,
já se falava em emigrar para o Brasil, mas muito pouco se sabia sobre este
país. Após o fim da guerra, houve tal reavivamento da questão, que foram
formadas várias companhias de emigração. Representantes foram mandados para o
Brasil para verificar terras, clima
e as facilidades oferecidas pelo imperador.
Em novembro de 1865, o estado da Carolina do Sul formou uma sociedade de colonização e mandou ao Brasil o major Robert
Meriwether e o doutor H. A. Shaw, além de outros, para verificar a
possibilidade de se estabelecer uma colônia. Na volta, publicaram um relatório
mencionando que dois senhores já compraram terras e se estabeleceram aqui. O
primeiro, Charles Gunter, estabeleceu-se na região do Rio Doce, no Espírito Santo,
que falhou por causa da Malária, e o segundo, o
reverendo Ballard S. Dunn, levou seu grupo para Cananéia, onde também fracassou pois as terras
não eram apropriadas para o plantio do algodão.
Na mesma época, o Dr. James Fadden Gaston, também da Carolina do Sul, viajou intensamente pela
província de São Paulo, e na volta publicou o livro "Hunting a Home in
Brazil", para orientação dos colonizadores. O Dr. Gaston estabeleceu um
pequeno grupo em Eldorado, não
muito longe do reverendo Dunn. Este também fracassou por absoluta falta de
mercado para os produtos que produziam.
Os coronéis Mc Mullan e Bower fretaram um veleiro e partiram do Texas
com umas 130 pessoas e seus pertences a bordo. Naufragaram em Cuba
sem perdas de vidas. Depois de muitos dissabores, chegaram a Iguape, onde Mc Mullan faleceu logo depois. As poucas famílias
que se estabeleceram ao longo dos rios não permaneceram por mais de quatro
anos, não agüentando a solidão e o isolamento.
O sonho de Dom Pedro de trazer milhares de imigrantes tecnicamente bem capacitados para povoar
as vastas regiões desabitadas do Brasil desmoronou. Dos que vieram, uma boa
parte retornou aos Estados Unidos. Diversos núcleos chegaram a ser formados e
ocupados durante alguns anos, e dos que restaram, alguns ouviram falar que o
coronel William Hutchinson
Norris estava se dando muito bem em terras além de Campinas. Venderam o que tinham e foram para lá. [1]
O NÚCLEO DE AMERICANA E SANTA BÁRBARA D'OESTE
Em 27 de dezembro de 1865,
o Coronel e senador William Hutchinson
Norris, do Alabama, desembarcou no porto
do Rio de Janeiro. Em 1866,
William e seu filho Robert Norris subiram a serra do mar, pararam em São Paulo e
especularam terras. Foram-lhes oferecidas de graça terras onde hoje é o bairro
do Brás, mas ele não aceitou pois era brejo. Também
lhes ofereceram as terras onde hoje é São Caetano, e recusaram pelo mesmo
motivo. Resolveram ir para Campinas, mas na época, a
estrada de ferro ia somente 20 quilômetros além de São Paulo, e não era
vantagem nenhuma pegá-la, sendo que Campinas fica a 90 quilômetros de São
Paulo. Então os Norris compraram um carro de boi e foram rumo a Campinas.
Levaram 15 dias para atingir a cidade, e lá ficaram por um tempo procurando
terras, até lançarem suas vistas sobre a planície que se estendia de Campinas
até Vila Nova da Constituição (atual Piracicaba).
Os Norris compraram terras da sesmaria de Domingos da Costa Machado e
estabeleceram-se às margens do Ribeirão Quilombo,
na época pertencentes ao município de Santa Bárbara d'Oeste
e onde hoje é o centro da cidade de Americana. Logo ao chegar, o Coronel Norris
passou a ministrar cursos práticos de agricultura aos fazendeiros da região,
interessados no cultivo do algodão e nas novas técnicas
agrícolas. O arado que ele trouxe dos Estados Unidos causou tanta sensação e
curiosidade que, em pouco tempo, já tinham uma escola prática de agricultura, com
muitos alunos que lhe pagavam pelo privilégio de aprender e ainda cultivar suas
roças. O Coronel escreveu para sua família que tinha conseguido 5 mil dólares só com isso. Em meados de 1867
chegou o resto de sua família acompanhada de muitos parentes.
Inúmeras propriedades agrícolas foram fundadas pelos norte-americanos
que cultivavam e beneficiavam o algodão. Estabeleceram um intenso comércio,
notadamente a partir de 1875, com a instalação da Estação de Santa
Barbara pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro.
Devido à presença constante desses imigrantes, o povoado que foi sendo
formado nas imediações da Estação passou a ser conhecido como "Vila dos
Americanos", ou "Vila Americana", e deu origem a atual cidade de
Americana.
Data dessa época, também, a instalação da fábrica de Tecidos Carioba
pelo engenheiro norte-americano Clement Willmot e associados brasileiros, que
ficava distante três quilômentos da estação ferroviária. Esta indústria teve
realmente um papel muito importante para a fundação e desenvolvimento de
Americana.
A educação das crianças era uma das prioridades para as famílias
americanas que constituíam escolas nas propriedades e contratavam professores
vindos dos EUA. Os métodos de ensino desenvolvido pelos professores americanos revelaram-se tão
eficientes que foram posteriormente adotados pelo ensino oficial brasileiro.
Os cultos religiosos eram celebrados nas propriedades por pastores que se deslocavam entre várias propriedades e os
vários núcleos de imigração americana. Em 1895
foi fundada a primeira Igreja Presbiteriana
no povoado da Estação.
Devido à proibição de se enterrarem pessoas de outros credos nos cemitérios das cidades administradas pela Igreja Católica, os imigrantes americanos
começaram a enterrar seus mortos próximo a sede de fazenda. Este cemitério
passou a ser conhecido como Cemitério do Campo,
atualmente um ponto turístisco da cidade de Santa Bárbara d'Oeste.
Até hoje os descendentes das famílias americanas são aí enterrados. É nesse
local que se reúnem periodicamente os descendentes para cultos religiosos e
festas ao redor da capela fundada no século XIX. [3]
DESCENDENTES FAMOSOS
- Pérola Byington,
filantropa
- Rita Lee Jones, cantora e compositora
- Ellen Gracie
Northfleet, jurista e primeira mulher na Corte do STF
- Stuart Angel Jones,
ativista político
Nenhum comentário:
Postar um comentário