terça-feira, 27 de novembro de 2012

COLÔNIA SUIÇA NO BRASIL

Colônia Helvétia

Em Indaiatuba (SP), o núcleo histórico de uma colônia de suíços fundada em 1888 mantém vivas as tradições suíças. Os descendentes dos fundadores da Colônia Helvetia celebram todos os anos a data nacional do país, 1º de agosto, com uma grande festa, reunindo a comunidade suíça, seus descendentes e muitos brasileiros.

Há fogos de artifício e lançadores de bandeira. É a chamada Festa da Tradição.
 
Em um intervalo das aulas da escola São Nicolau de Flüe, 1927

Acervo Dra. Lotte Köhler - Carlota Schmidt Memorial Center
A comunidade aprecia o jogo de cartas jass e o jodel, canto coral dos Alpes. Ela organiza-se em torno da Sociedade de Tiro ao Alvo, da igreja e da Sociedade Escolar São Nicolau de Flüe. Conta também com um Centro de Memória, que reúne documentos, fotos e objetos relacionados à história das quatro famílias pioneiras do cantão de Obwalden e de outras que vieram se juntar a elas.
Técnica mista, por Silvia Amstalden, 2009

Acervo Silvia Amstalden

O desafio de uma nova terra

Integrantes das famílias Ambiel, Amstalden, Bannwart e Wolff decidiram romper o contrato de parceria firmado com o Barão de Jundiaí, Antonio de Queiroz Telles, por meio da empresa do Senador Vergueiro, e aproveitando a baixa do preço das terras, compraram o sítio Capivary-Mirim e parte do sítio Serra D’Água.
 
Em 14 de abril de 1888, lançavam a pedra fundamental da Colônia Helvetia.
 
Como as terras — 468 alqueires no total — foram compradas dos herdeiros de Vicente Sampaio Góis, os colonos foram chamados nesse início de “Os Sampaios”.
 
Para eles, os primeiros tempos foram difíceis. As instalações do sítio eram precárias, tudo estava por fazer.
 
As quatro famílias trabalharam juntas nos seis primeiros anos. Depois, dividiram as terras em quatro e reservaram um alqueire para a construção de uma igreja e uma escola.
 
Em apenas 12 anos, Helvetia já havia dobrado de tamanho. A comunidade expandiu-se ainda mais quando outras propriedades foram adquiri­das na região pelos descendentes dos pioneiros, em bairros de Indaiatuba, Monte Mor, Campinas, Valinhos, Vinhedo e Jundiaí.

Três pontos de união

São três as instituições que aglutinam a comunidade de Helvetia: a Sociedade Escolar São Nicolau de Flüe, a Sociedade de Tiro ao Alvo e a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes.
Recepção ao rei dos atiradores em frente à nova sede da Sociedade de Tiro ao Alvo, 1935

Acervo Centro de Memória Helvetia

A tradição do clube de tiro

Antes mesmo da fundação de Helvetia, orga­nizava-se, em 1885, um clube de tiro no Sítio Grande, propriedade da região que recebeu imi­grantes suíços. Helvetia cultua até hoje o nome do vencedor da primeira festa do Tiro, Arnoldo Bannwart. Conta-se que não houve dinheiro sufi­ciente para comprar munição e a disputa foi feita com arco.
 
Em Helvetia, a Festa do Tiro é sempre um acontecimento. Milhares de pessoas participam. Com o tempo, ela mudou de nome e transformou-se na Festa da Tradição.

Uma escola para os pioneiros

A escola São Nicolau de Flüe foi construída em 1894, no ano seguinte à chegada ao Brasil do professor Hans von Deschwanden. Seus sucessores foram Max Landmann, um entusiasta da música que organizou um grupo de canto, e José Francisco Bannwart.
 
Entre 1904 e 1942, as Irmãs de Santa Catarina e, depois, Irmãs Beneditinas se encarregaram das aulas. Nos anos seguintes, as religiosas foram substituídas por professoras da própria comunidade. A primeira delas foi Leonor Amstalden.
 
Em 1981, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo passou a administrar a escola e inaugurou um novo prédio, junto à rodovia Santos Dumont. A antiga escola passou a ser usada para atividades sociais e culturais, entre elas um clube de jazz e o clube esportivo Bandeirantes.
Orquestra se apresenta na consagração da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, 1899

Igreja de Helvetia

Três padroeiros para a igreja

Antes da construção da igreja, o salão da escola servia como sala de orações.

Anton Ambiel registrou a reunião de 23 de janeiro de 1898, em que foi decidida a construção de uma capela “em louvor da Imaculada Conceição de Maria Mãe de Deus, da Santíssima Trindade e do bem-aventurado patrono da Suíça, Nicoklaus von Flüe”.

Até hoje a padroeira é Nossa Senhora de Lourdes, mas a igreja tem outros dois patronos: São José e São Nicolau de Flüe.

A celebração das conquistas

Mais de um século depois de sua fundação, a Colônia Helvetia é uma comunidade unida por um passado comum e pela origem suíça que relembra e celebra sua história de geração a geração.

Nova Friburgo

Uma das primeiras descrições da área onde se criaria a Vila de Nova Friburgo foi feita em 1809 pelo mineralogista John Mawe, em viagem a Cantagalo para investigar um suposto veio de prata.
 
“Esta fazenda, nas mãos de um agricultor experimentado e hábil, poderia produzir resultados maravilhosamente compensadores. O solo é úmido, adaptável ao plantio, não só do milho, como do trigo, cevada, batatas etc., e tão bem irrigado por numerosas correntes provindas das montanhas que as pastagens estão sempre verdejantes. Aqui existem magníficas quedas d’água e a terra é abundante em excelente madeira. Assim, moendas de milho poderiam ser construídas com menor despesa do que a necessária para a compra de moinhos de pedra. Se estivesse ligado à fazenda das freiras mais abaixo, este estabelecimento transformar-se-ia num dos mais completos e lucrativos do Brasil.”
Vista do centro de Nova Friburgo, c. 1870

Acervo Pró-Memória de Nova Friburgo
Fica claro que o acesso à região não era fácil. Acompanhado de um professor de química, Mawe chegou do Rio de Janeiro à Foz do Macacu após ter velejado durante cinco horas. Em seguida, atingiram Porto das Caixas, “lugar muito procurado pelos viajantes do interior por ser o posto onde as mulas descarregam suas cargas oriundas de muitas plantações dos arredores”.
 
Após atravessarem um grande pântano, chegaram a uma vila — provavelmente Santo Antônio de Sá. Seguiram a cavalo o leito do Rio Macacu, observando a presença do açúcar ao longo do vale. “As plantações de cana de açúcar e as pastagens estão muito descuidadas.

          A população destes magníficos vales é deploravelmente raquítica e pobre.”
 
Igreja de São João Batista, futura catedral, 1870

Acervo Pró-Memória de Nova Friburgo
Para transpor a “grande barreira de montanhas”, passaram por caminhos tão difíceis que foram obrigados a andar mais a pé do que a cavalo. Chegaram à Fazenda do Morro Queimado e receberam do administrador pousada por uma noite.
 
A temperatura muito fria desaconselhava o plantio de produtos comuns do país, sobretudo banana, café e algodão. Se de um lado as condições climáticas favoreciam a adaptação dos suíços, por outro, a presença da selva era um desafio. “A propriedade é infestada de vez em quando por onças”, relata Mawe.
 
O local escolhido, a uma altitude de cerca de 1.000 m, estava imerso na Mata Atlântica, onde a pujança das matas se manifestava em árvores de elevado porte, como o jequitibá. Mawe, em sua curta passagem, identifica algumas: vinhático, cedro, óleo, peroba, cabiúna, jacarandá, jacaratinga, ubatã, palmeiras, grafuana.
 
A flora oferecia fibras, ervas, frutos, alimento e medicamento. As águas nutriam aves como o macuco, a saracura, tucanos, sabiás, perdizes, o anu e a corruíra. Antas (daí Córrego D’Antas), onças, veados, macacos, gambás, tatus e capivaras habitavam a região.
 
Riograndina, distrito que inaugurou em 1876 sua estação ferroviária

Acervo Pró-Memória de Nova Friburgo
Só se alcançava a futura Nova Friburgo sobrepujando altas montanhas. A região serrana é perpassada por três bacias hidrográficas, em cujos vales se criarão as aglomerações humanas e para onde afluirão os colonos imigrantes de Nova Friburgo: Bengalas, Rio Grande e Macaé. Na vertente norte da cadeia da Serra do Mar nascem os rios Cônego e Santo Antônio, cuja junção forma o Rio Bengalas (provavelmente de São João das Bengalas), ao longo do qual se instalaria a Vila de São João Batista de Nova Friburgo. Encontra o Rio Grande, cujas águas desembocam no Vale do Paraíba. O Vale do Rio Grande configuraria uma direção do povoamento da região, onde rapidamente se criaram fazendas.
 
Com seu tino econômico, Sébastien-Nicolas Gachet, representante da Confederação Helvética responsável pela imigração de suíços, vislumbrou ótimas possibilidades para fazendas de criação, para o que já havia uma tradição suíça. Considerou o local adequado para a agricultura, criação e mesmo manufaturas.
 
Apesar do difícil acesso, o local funcionaria como um entroncamento absolutamente necessário de vários caminhos, como o que procedia de Minas e que passava por Cantagalo, em direção ao Rio de Janeiro. Caminhos procedentes do Paquequer convergiam também para o sítio onde se instalaria a Vila de Nova Friburgo.

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